domingo, 3 de maio de 2015

CICLO

  




FONTE DA IMAGEM:fotovida.arteblog.com.br



CICLO

         Quando terminou o curso quase perdeu a voz de tanto gritar. Finalmente poderia chamar-se professor. Quão doce seria o momento de ouvir: "Professor, tira aqui uma dúvida". Seu pai nunca sorriu pra isso. Sempre que se tocava no assunto em casa o velho no máximo dava meio sorriso e de vez em quando soltava: "É, vamo ver" e se calava novamente. Sócrates nem ligava. O apoio da mãe e seus sonhos de fazer algo pelo país eram suficientes para continuar naquele caminho e assim é que após quatro anos de Licenciatura o jovem idealista concluiu seu curso de Letras.
 Cinco e meia o rapaz levantou, arrumou as coisas, tomou café rápido e saiu para seu primeiro dia de aula. Enquanto não aparecia concurso resolveu trabalhar como temporário na rede pública. O amigo Alfredo lhe oferecera uma vaga na escola em que trabalhava. "Bora Sócrates, lá é bom. Os alunos são esforçados, a indisciplina não é das piores e escola particular tem um detalhe bom! Os pais pegam pesado nos filhos, afinal tão pagando né?!". Sócrates agradeceu, mas preferiu a escola pública. Somente lá é que poderia colocar seus planos idealistas em prática, e mesmo assim pensava: "Não me formei em Universidade pública? Devolverei à sociedade o que ela me concedeu." Assim era Sócrates. Um brasileiro no mesmo calibre de Policarpo Quaresma.
"Olá, a senhora é a diretora. Eu sou Sócrates. Estou aqui para assu...", "Eu sei, eu sei moço. Pelo amor de Deus, você vai assumir o sétimo ano da escola! Eles são terríveis. Já botaram três professores pra correr... Você já deu aula?", "Bom me formei agora e...", "Há meu Deus era só o que me faltava. Como é a secretaria manda um professor sem experiência pra cá? Isso é um absurdo! Meu filho, só tem tu, vai tu mesmo! Presta atenção! Eles tem vários problemas de aprendizagem. Não há acompanhamento por parte da família. Alguns usam drogas, outros são envolvidos com gangues. Se você observar alguma arma é melhor fazer de conta que nem viu. Há quatro alunos especiais, mas só dois tem laudo, você vai para o sétimo mas dará conteúdo diversificado pois alguns ainda não sabem ler nem escrever, além disso deverá fazer planos para os alunos especiais e aplicar esses planos durante a aula. Há! Reprovação nem pensar viu!", "E se eles não aprenderem? Quer dizer, você disse que alguns quase não leem...", "Professor, e o senhor? Pra que servirá na sala senão para ensiná-los, ora essa!!".
Quando o intervalo tocou, dois anos da vida de Sócrates pareciam ter passado naquelas duas horas de aula, se é possível chamar aquele diálogo truncado, interrompido e gritado que se estabeleceu. Na sala dos professores um colega de profissão tomava seu café. O olhar era baixo e sombreado pelas olheiras. "Você é o novo professor não é? Prazer, meu nome é Kepler, coisa de nerd. Meu pai era professor de física. Diz ai pra mim. Como é que um cara novo como você faz esse tipo de escolha? Quer dizer, porque ser professor, se com sua capacidade você poderia se tornar um profissional mais valorizado?", A pergunta incomodou muito a Sócrates que retomou o vigor e nos 15 minutos restantes justificou sua escolha percorrendo os caminhos da ética, da moral e do dever cívico. Citou os mais iminentes teóricos marxistas, expôs com veemência a luta de classes e teria defendido uma tese de doutorado se a diretora não o alertasse sobre o tempo apontando o dedo para o relógio. Sócrates recolheu seus pertences e caminhou para seu segundo tempo profundamente contrariado com o novo amigo que de semelhante a ele só tinha a alcunha de um grande personagem da construção do saber universal. As ideias, porém eram completamente diferentes.
   Muitas idas e vindas, muitos recreios, muitas discussões políticas e filosóficas seguiram-se à primeira anteriormente narrada. Vinte anos de ofício passaram-se e o amigo Kepler deixou de incomodar Sócrates. Um infarto fulminante enquanto explicava os monômios e os polinômios, levou o cansado mestre à "terra dos pés juntos". Pelo menos agora Sócrates tomava sua xícara de café sem ter que puxar conversa. O fôlego diminuíra com o tempo, efeito das aulas e gritos ocasionais. Sentado, cotovelos na mesa, olhos baixos e sombreados pelas olheiras, Sócrates viu entrar na sala dos professores o substituto de Kepler. Rapaz novo de olhar vivo e cheio de ideais. O novato sentou-se ao lado de Sócrates que com voz rouca perguntou: "Você é o novo professor não é? Prazer, meu nome é Sócrates, coisa de boleiro. Meu pai era corintiano. Diz ai pra mim! Como é que um cara novo como você faz esse tipo de escolha? Quer dizer, porque ser professor, se com sua capacidade você poderia se tornar um profissional mais valorizado?".

sexta-feira, 1 de maio de 2015

PROPOSTA DE TRABALHO COM ALUNOS DO 9º AO 3º DO MÉDIO - ANÁLISE LINGUÍSTICA DE VÍDEO


ATIVIDADE PROPOSTA PARA ALUNOS DO 9º AO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO

OBJETIVOS GERAIS: 

               * Estabelecer o contato e análise estrutural da estrutura do gênero notícia.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

               * Propor uma reflexão crítica sobre o conteúdo da notícia.

MATERIAL NECESSÁRIO:

               * Cópias do texto.

               * Vídeo que acompanha a notícia.

CONTEÚDO:

              * Gênero notícia de jornal.

ESTRATÉGIA METODOLÓGICA:

              * Amostra do vídeo que dará introdução à aula e que servirá para ativação dos esquemas mentais: "quem é o governador do estado? quem aparece na imagem? pelo que os estudantes protestavam?"

              * Distribuição da notícia em xerox.

              * Análise da estrutura específica do gênero notícia através das questões:

                       - Qual o título do texto?

                      - É possível inferir, já no início do texto o assunto que será tratado? Porque e para quê o escritor da notícia o fez assim?

                      - Quais os fatos mais importantes trazidos no texto?

                      - A quem se destina o texto lido?

                      - Quem o escreveu, qual sua fonte?

                      - Qual a informação que fecha o relato trazido na notícia?

              * Análise dos elementos lexicais:

                      - Traduza as seguintes abreviaturas:
                                  + UECE:
                                  + Fecli:
                                  +  URCA:

                   - Procure no dicionário o significado da palavra "babaca" usada pelo Secretário de Estado Ciro Gomes.

             - Emita sua opinião a respeito do termo usado pelo Secretário referindo-se aos estudantes e servidores.

                 * Análise dos elementos gramáticais:

                    - Análise do tempo verbal e sua adequação ao gênero.
AVALIAÇÃO:

      * Encerrar a atividade propondo uma redação em no mínimo dois parágrafos solicitando uma descrição resumida da notícia e a opinião do aluno(a) sobre os conflitos descritos no texto.

Anexos:

Notícia

Ciro chama estudante de ''babaca'', toma e rasga cartaz em manifestação da UECE

www.opovo.com.br/ 2 de nov de 2013

De passagem pelo município de Iguatu, a 384,1 km de Fortaleza, na tarde da última sexta feira, 1°, Ciro Gomes, atual secretário da Saúde do Estado, trocou insultos com estudantes da Uece/Fecli e Urca, que realizavam ato no aeroporto da cidade. Depois de se aproximar dos jovens, Ciro tomou o cartaz de uma estudante e o rasgou, chamando o grupo de manifestantes de ''babaca''.

Os professores da Universidade Estadual do Ceará (Uece) deflagraram greve por tempo indeterminado na última terça-feira, 29. O movimento estudantil da Uece/Fecli e Urca de Iguatu realizava o ato para receber o governador do Estado, Cid Gomes, que estava na região para inaugurar policlínica no município de Icó.

Após o atrito, o secretário foi embora. O governador Cid Gomes chegou em seguida, em outro voo, e participou de reunião fechada com representantes do movimento, onde foram tratadas as seguintes pautas: a construção do campus multi-institucional, em Iguatu, o concurso para professor efetivo nas instituições e a greve na Uece.

Entretanto, na reunião, Cid disse que não negociava com grevistas. Sobre a obra da cidade universitária, o governador ficou de debater o tema em uma nova reunião, na próxima visita dele a Iguatu, marcada para dia 14 de novembro.

"Quando não estávamos em greve ele também não negociava. Tentamos por diversas vezes encaminhar as pautas, mas não tivemos resposta", reclama o professor e integrante do Sindicato dos Docentes da Uece, Pedro Silva, que participou da reunião com Cid Gomes. "Essa postura demonstra a atitude intransigente do governo ao diálogo. Demonstra também a forma que o governo vem tratando os professores, e que o ensino superior não é prioridade do governo", diz.

Ainda de acordo com Pedro, o governador explicou a razão para não realizar concurso para professores na UECE. "Cid disse que os professores resolveram aumentar os próprios salários e que, por isso, não tem recursos para a contratação de novos professores".

O professor fala que o objetivo da reunião era abrir um canal de negociação, porém, "a reunião não encaminhou nada".

Por essa razão, ele diz que na próxima quarta-feira, 6, deve ocorrer novo protesto em Fortaleza, saíndo da Praça da Imprensa com destino ao Palácio da Abolição e que terá como objetivo, abrir o canal de negociação com Cid Gomes. O horário ainda será confirmado.

Fonte: Último acesso em 03/10/2013

Vídeo:


USO DE POSTAGENS DO FACEBOOK NA SALA DE AULA

ATIVIDADE PROPOSTA PARA O 5º OU 6º ANO

OBJETIVOS GERAIS: 

               * Estabelecer uma reflexão linguística a partir de um texto popular. (Post do facebook)

               * Refletir criticamente sobre a variações linguísticas presente nos textos de humor e a norma culta.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

               * Propor uma análise dos termos do post buscando descobrir as palavras escritas nas quais foi mantida a oralidade.

          * Propor a refacção dos textos dos quadrinhos modificando sua escrita sem flexões de oralidade.
              * Verificar a mudança de sentidos com a nova escrita e refletir sobre a inadequação da norma culta neste caso.

MATERIAL NECESSÁRIO:

               * Data-show.

CONTEÚDO:

              * Variações linguísticas

              * Texto humorístico

ESTRATÉGIA METODOLÓGICA:

             * Inicial reflexão sobre a diferença entre língua falada e escrita (podemos escrever da forma como falamos?)

             * Reflexão sobre a importância de se compreender que para cada contexto há uma variação cabível.

             * Mostra de posts do facebook (2) com conteúdo humorístico.

             Posts iniciais:

          * Iniciar a consecução dos objetivos propostos a partir desse último post:

          * Estabelecer a leitura do post e sondar inicialmente o entendimento da piada

       * Estabelecer análise de cada frase em cada quadrinho, buscando inferir a ideia de que as falas foram escritas o mais próximo possível da oralidade.

       * Levar os alunos a perceberem a forma de escrita da seguintes palavras: "ta", "fedo", "jezuis", "morree".

       * Propor a reescrita das palavras de acordo com a norma culta, portanto: "está", "fedor", "Jesus", morrer".

       * Na imagem reproduzida pelo data-show, substituir as palavras propostas.

       * Levar os alunos à leitura e reflexão sobre o teor cômico da piada alterado pela norma culta.

     * Fazer os alunos perceberem que a norma culta é apenas mais uma variação e que portanto não pode ser considerada adequada em todos os contextos.

AVALIAÇÃO:

      * Encerrar a atividade propondo uma pequena produção textual cujo título seja: O que aprendi nessa aula


      * Espera-se  que o aluno descreva a aula e aponte como principal aprendizagem a necessidade de se reconhecer diferentes tipos de linguagem para diferentes contextos.  

Resistir, lutar.

Fonte da imagem: <https://www.facebook.com/suprema.maracanau/photos/a.1463506987194198.1073741828.1462061097338787/1954837454727813/?t...