O ensino da língua materna segundo os PCN's
Ao fazer a leitura dos PCN's consegui identificar
com clareza a semelhança da proposta epistemológica com a qual tenho
tido contato durante minha formação na FGF, no curso de licenciatura plena em português e suas literaturas. O texto traz de forma
profunda as implicações oriundas de um novo e necessário olhar sobre o
ensino da língua portuguesa. Todos os conceitos vistos até agora, bem
como a recorrente ideia de consideração a respeito das variações linguísticas enquanto fenômenos de interação social, que de longe
ultrapassam as amarras da normatividade observada como predominante no
ensino até a década de 80, foram e continuam sendo sistematicamente
discutidos nos fóruns e atividades propostas como avaliação. Esse fato
deve ser ressaltado pois traz alívio ao saber que estou recebendo
formação "antenada" com o mais atual e oficial referente para o ensino
da língua materna: os PCN's.
O texto inicia trazendo com um breve histórico sobre o fracasso
escolar e o que tem sido apontado como causa desse fracasso: Excessivo
referencial na norma culta enquanto modelo ideal de eficiência
linguística; atividades descontextualizadas; ensino gramatical não
embasado nos textos socialmente construídos; desprezo pela manifestação
oral da língua entre outros. Estas ações foram perdendo crédito na
medida em que se observava os índices crescentes de repetência e
ineficácia no uso da língua, fato não trazido no corpo do documento, mas
amplamente divulgado e disponível nos exames de avaliação.
A partir dos anos 80, várias influências e inovações pedagógicas
criaram o ambiente favorável às reformulações do ensino em vários
países, inclusive no Brasil. Estas reformas buscavam atingir objetivos
comuns e priorizavam a adaptação do indivíduo na nova sociedade que
emergia: A sociedade do conhecimento. A psicolinguística, a
sociolinguística, a análise do discurso, foram algumas das teorias que
deram a base científica necessária às reformas no ensino da língua
portuguesa. Tais reformulações incidiram sobre outros temas até então
carentes de discussão tais como: Preconceito linguístico, necessidade de
contextualização do ensino, inserção dos textos socialmente construídos
na sala de aula, metalinguagem a partir e para o texto, inserção da
oralidade como habilidade a se trabalhar no ensino da língua, concepção
da linguagem como fato e finalidade social e de inserção no mundo do
trabalho.
Diante da profundidade do documento, de sua ampla
intertextualidade e múltiplas referências conceituais, pode-se esboçar
um pequeno resumo de suas orientações da seguinte forma:
* O ensino da língua hoje visa a eficaz inserção e participação na vida social,
* Os conteúdos e metodologias só tem validade se construídos e dotados de finalidade social,
* A oralidade é fator de peso na aprendizagem da língua, pois é através dela que o falante se expressa com maior frequência,
* A norma culta é apenas mais uma variação linguística, não
traduzindo nem servindo como modelo exclusivo da língua. (Contudo ainda é
a variação de maior prestígio e utilizada nos meios acadêmicos)
* O professor é mediador no processo ensino-aprendizagem e deve
pautar sua prática docente pela mediação e interação comunicativa,
* Deve-se combater o preconceito linguístico através da inserção das variações linguísticas em sala de aula.
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