segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O quintal assombrado



O quintal assombrado

Há um pedaço do homem que ficou na velha casa

Há tempos deixou a velha casa, mas ela nunca o deixou

Ela sobrevive em suas lembranças

Leva-o para seu interior quando bem lhe convém

Logo se vê no grande alpendre que dá para o quintal

Seu quintal é a serra, colossal, apoteose verde

A grande mangueira o saúda imponente

Em suas raízes ele voltará a impulsionar o carro a fricção

Mas carro de fricção não serve em areia de serra, areia escura

É necessário involuir, portanto o carrinho já não é mais de fricção

Nada moderno funciona no quintal, tudo é verde, frio, calmo e tranquilo

É o quintal dos macacos, das raposas, do córrego de inverno e dos guaxinins noturnos

À noite a escuridão escorrega da serra e invade o quintal

Ela desliza por sobre as árvores e põe a correr o medroso menino e seu carrinho

"Foge menino, pois a noite reclama seu reino" diz ela prontamente atendida

A noite é a hora da casa, da grande casa com data de construção - 1915

Acima, muito acima, as velhas carnaúbas escuras e tenebrosas sustentam o antigo telhado

O menino sabe que se olhar pra cima pode ver um fantasma ou um demônio

O medo o faz aproximar-se de todos, visitas que se encostam na porta dupla pra assistir tv

E bebem café, e conversam e gritam e brigam e riem num frenesi assustador

Vozes de homens, raros em suas lembranças, para ele as tias é que governavam

As muitas tias, primas, vizinhas... sempre as mulheres

Os homens?... andarilhos ocasionais

Na velha rede, olhar a mãe a rezar, pedir a "bença" e rezar também

Pedir a Deus pra dormir logo e não ter que ir ao banheiro e não ver barata, aranha nem fantasma... que amanheça logo Senhor.

28/12/2015

domingo, 21 de junho de 2015


Mais uma chance



Chegou tarde do trabalho. Estava pálido como se tivesse passado uma grande aflição. Era noite de tempestade, mas as emoções, pensamentos e vertigens eram fortes. Não se conteve. Havia uma súbita inspiração nascendo em sua alma. Sabia que se não escrevesse perderia o momento. Perderia aquela comunicação divina que só os amantes da linguagem literária conhecem. Não falou com a esposa nem com os filhos. Era preciso agilidade. Nenhum minuto poderia se perder. A história já se adiantava nos seus momentos máximos e as mãos, pobres mãos! Sempre mais lentas que o cérebro, orgânica máquina cinzenta à qual nenhum computador conseguiu superar.
Abriu a porta do pequeno escritório que mais parecia um quarto de monge. No lugar de um crucifixo ou de uma bíblia repousava um velho laptop que só adquiria vida nos momentos que agora estavam a se desenrolar.  Um homem caminhando sozinho numa noite de chuva desenhava-se nas linhas do editor de texto. As palavras começaram a pintar as cenas frias e sombrias de uma noite que ficaria pra sempre na mente do personagem que agora nascia. Carros estacionados e de vez em quando diamantes brilhantes reluziam nos recônditos escuros nas faces de felinos, eternos amigos da boemia e da escuridão. Ele vinha apressado. Perdera o último trem e agora o mau tempo o obrigara a uma caminhada de dez quadras que o separavam de sua casa.
No meio do caminho sentiu que estava sendo seguido. O medo insistia em crescer no seu peito, mas agora era reprimido pelo ingênuo desejo de refrear a realidade apenas crendo-a diferente. Ao seu redor apenas prédios comerciais e poucas janelas iluminadas denunciando sonâmbulos moradores que mais pareciam vampiros a despertar quando o centro da cidade dormia. A chuva agora era torrencial! Os pingos se chocavam com força em seu rosto. Os pés completamente encharcados produziam um caldo de lama em seus sapatos que agora inchavam conforme seu passo se apressava. Por um instante esqueceu seu temor ignorado, mas agora o medo emitia sons. Sons de passos que se aproximavam cada vez mais. Repeliu o medo mais uma vez. Os passos agora pareciam estar a menos de dez metros. Virou-se. “É um assalto!” Uma arma agora estava apontada para sua testa. Ficou imóvel. Indefeso. Mal respirava e a voz não saiu quando o homem exigiu a carteira. Levou uma coronhada na testa. “Tá surdo otário! Passa a carteira!” Trêmulo alcançou a carteira no bolso de trás. Entregou ao homem que rapidamente a abriu e retirou o pouco dinheiro que lá havia. Fitou os olhos de sua vitima. Olhos que já vira inúmeras vezes, ali mesmo naquela rua. Estavam cheios do sentimento que lhe dava êxtase. Um prazer doentio que o obrigava a finalizar suas ações com o máximo de covardia. “Vai morrer!”. Empunhou a arma, puxou o gatilho...
O personagem da pequena história então pode ver tudo, mesmo com olhos fechados viu o filme. Aquele que dizem passar diante dos olhos na hora da morte. Viu sua infância, adolescência, juventude e maturidade. Viu todos os momentos, os bons e os maus. Os rostos felizes daqueles que lhe deram o prazer de dividir sua existência. Viu os que se foram e os que ainda estavam com ele. Ouvia as vozes dos filhos. Seus gritinhos pela casa em dias de domingo. Dias tão desejosos de descanso e que quase sempre lhe roubavam o restinho das forças não consumidas no trabalho. Viu sua mulher. Sentiu seu cheiro, sentiu suas carnes quentes e depois aquele par de olhos tão calorosos, tão doces, tão meigos...
Abriu os olhos com os “clics” repetidos da arma que não funcionara. Como todos os covardes, o bandido sentiu que poderia ser pego por sua vitima e correu retornando às trevas que o acolhiam envolvendo-o como a um demônio. Retomou seu caminho. Chegou a casa e só depois de registrar tudo o que viveu em seu pequeno laptop foi que saiu do quarto e amou sua família como nunca havia amado antes. 

terça-feira, 2 de junho de 2015

Fim da escola = Fim da civilização

               

FONTE DA IMAGEM: pt.forwallpaper.com

FIM DA ESCOLA = FIM DA CIVILIZAÇÃO
            
              Quando as ruínas de Wosh foram encontradas houve um alvoroço em toda comunidade científica mundial. Ninguém podia acreditar que em pleno século XXI seria possível encontrar uma civilização tão desenvolvida como aquela.
   Os Woshianos, como logo se convencionou chamar, eram um povo extremamente avançado. Wosh não era superior aos egípcios nem mais evoluída que os antigos gregos, mas detinha em sua organização social algo que nenhuma outra sociedade, anterior àquelas chegou a pensar, organizar e manter. Wosh tinha escola.
   Tal como a nossa, a escola de Wosh destinava-se a um objetivo: formar trabalhadores para atuarem produtivamente em sua máquina econômica que no caso de Wosh era a agricultura e comércio de artesanato, roupas e gêneros alimentícios em geral. Para o leitor que aqui resolveu dedicar preciosos minutos de seu tempo, não entrarei em delongas infindáveis sobre localização, clima e informações de segunda categoria. Importa-nos, porém saber que motivos levaram esta organizada sociedade a falir e é nesse nobre esclarecimento que nos deteremos nas linhas adiante.
                Os arqueólogos descobriram que no início os pequenos vilarejos de Wosh viviam subordinados aos caprichos da natureza. Enchentes, secas e temporais destruíam freqüentemente o ardoroso trabalho agrícola dos woshianos de forma que a primeira ação discutida e decidida pelos anciãos foi que, a partir daquela data, jovens woshianos seriam enviados aos campos para que constantemente observassem os tempos no sentido de prever os terríveis eventos climáticos que até ali haviam reinado sobre as vidas dos pobres cidadãos de Wosh. O primeiro problema surgiu quando, após anos neste ofício, os jovens woshianos incumbidos de tal tarefa, passaram a manter seus registros e observações somente para si. Deste ponto até o surgimento dos primeiros sacerdotes e feiticeiros que previam o futuro com acerto “mágico” foi apenas um passo.
   As primeiras classes não demoraram a surgir e os conflitos também vieram com guerras e separações até que um importante cidadão de Wosh financiou uma revolta e implantou uma série de mudanças. WoshMax decidiu que dali em diante ele e seu exército representariam a vontade dos woshianos e justificou que dessa forma haveria um ser maior que todos, mas que ao mesmo tempo representaria a vontade de todos. Estava criado o Estado dos Clãs de Wosh. Dentre as obras de WoshMax, a mais interessante foi a escola woshiana que recebeu o estranho nome de Prédio. Em seu decreto estavam escritos os quatro preceitos básicos do funcionamento do prédio:

 * Todo cidadão de Wosh, homem ou mulher, a partir dos 9 anos passará a frequentar o Prédio para aprender tudo o que for necessário para exercer sua cidadania e contribuir para o bem da sociedade.

  * O cidadão woshiano cumprirá dez ciclos de estudos na escola. Cada ciclo terá um ano de duração e o mestre decidirá, através de testes, se o aprendiz está apto para o próximo ciclo. Se não estiver deverá repetir o ciclo.

* Todo aprendiz deverá mostrar respeito e reverência pelo mestre.

* O prédio terá por objetivo reproduzir em sala tudo o que o aluno precisará aprender para participar da vida em sociedade.

   O prédio foi a maior invenção de WoshMax e nos registros encontrados nas ruínas da antiga cidade há várias imagens onde WoshMax é reverenciado como um Deus pela sua brilhante invenção. O prédio funcionara muito bem no início. Todos os pais queriam ver seus filhos frequentando o Prédio e como tudo era sustentado pelo Estado woshiano a escola tornou-se acessível a todos. Só as crianças não conseguiam entender porque era necessário sair dos campos ou das fazendas para aprender as coisas que elas já aprendiam nos campos e nas fazendas.
   Mesmo com a relutância dos mais jovens o prédio de ensino de Wosh começou a dar os primeiros resultados. Os jovens que concluíam o período de dez anos começaram a perceber que os processos agrícolas poderiam ser melhorados. Começaram a criar formas mais rentáveis e econômicas de se usar a terra e fazer comércio e todas as mudanças começaram a enriquecer os cidadãos detentores de mais terras e os comerciantes com pontos de venda mais bem localizados. Wosh passou de um aglomerado de aldeias para um grande centro econômico. Sentiu-se a necessidade de proteger melhor as cidades e logo o exército ganhou importante reforço. Wosh já não era mais a mesma. O luxo, a riqueza e as diferenças sociais transformaram a antiga vila em uma importante metrópole.
   Acontece que com a concentração de renda e o enriquecimento de alguns, começaram a haver pequenos conflitos entre os velhos senhores enriquecidos e os jovens que saiam do Prédio. Os jovens sabiam que algo estava errado e não concordavam mais em contribuir com o crescimento daquela sociedade tão desigual. Wosh viveu nessa época seus primeiros protestos de rua. Com os protestos vieram o vandalismo, a depredação e a histeria coletiva. Nascia a resistência Woshiana.
   Liderada pelos primeiros alunos do prédio o movimento começou a crescer e tomar corpo. Ideais de igualdade, fraternidade e justiça enchiam as praças da cidade e não era raro ver pequenos comícios a inflamar a multidão contra os ricos senhores e o Estado Woshiano, a quem chamavam de Woshiatã.
   Os velhos senhores, donos das terras e dos comércios exigiram uma audiência com WoshMax que nesta época já era um ancião. A audiência ocorreu numa velha fazenda na calada da noite. Os velhos rosnavam de ódio contra os agitadores, particularmente contra um líder de nome engraçado: Woshgovara. Homem exaltado que tinha o hábito de não barbear-se, comportamento já copiado por seus seguidores. Em meio a gritos e planos de assassinato o velho WoshMax ergueu seu corpo grande, velho e pesado e bradou:
   __ Silênciooooo!!! Vós sois tardos em compreender as causas e efeitos que aqui se discutem de forma tão equivocada? Como pretendeis eliminar um, dois ou quarenta homens? Acaso achais que isso nos dará solução? Tolos!!! Temos de matar idéias e não homens. Homens se compram! Idéias sim, essas podem ser mortas.
   __ O que nosso experiente chefe sugere então? Replicou um ancião.
   __ Ataquemos a fonte das idéias e então acabaremos com nossos problemas.
    __ E o barbudo? O que faremos a ele?
    __ Busquem seu preço. Todo revolucionário tem um preço!
    A reunião terminou e no outro dia os planos tiveram inicio. A primeira ação foi cortar pela metade os recursos destinados ao prédio. Desta forma os salários dos mestres reduziram-se e muitos desistiram do ofício. Outros mestres menos qualificados começaram a ser aceitos pelo Estado. A qualidade do ensino e da aprendizagem começou a cair. As reprovações que se destinavam a corrigir e reforçar o aprendizado deficiente foram extintas. Sob o argumento de que estudante na escola era prejuízo para o Estado woshiano os jovens foram sendo aprovados sem capacidade técnica. Alunos que não aprendiam eram imediatamente taxados de incapazes. Eram enviados aos curandeiros da cidade que condenavam os jovens beberem misturas de ervas durante toda vida as quais os tornavam sonolentos e letárgicos como zumbis. A alimentação no prédio diminuiu e não sustentava mais os alunos na escola. O abandono ao prédio começou a surgir. Jovens eram vistos nas praças e ruas quando deveriam estar nas escolas. Com o ócio passaram a se drogar e cometer crimes.
   Outra instituição surgiu para resolver o problema. Chamava-se prédio também, só que lá não se estudava. Os jovens capturados cometendo crimes eram enviados para o segundo Prédio e cumpriam penas corretivas de um a dez anos. Quando saiam de lá estavam piores do que quando entravam.
   A inovação e a técnica na produção começaram a sumir. Não havia mais pesquisa e os rendimentos começaram a cair. Os ricos começaram a empobrecer. Os pobres se desesperaram e os jovens que não caíram nos crimes fugiram para outras cidades. Ao receber um cargo de honra e um salário mensal, o barbudo revolucionário Woshgovara traiu seus ideais e abandonou a “causa”.
   Wosh acabou em guerras, conflitos, pobreza e decadência. Nem os conservadores nem os revolucionários foram capazes de sustentar a cidade que nasceu do nada, cresceu e floresceu, mas no auge de sua beleza e riqueza, foi destruída pela ganância e pela alienação. Em um dos pilares do antigo prédio está gravado em letras garrafais o que muitos de nossos governantes poderiam aprender:

“Não se constrói uma grande civilização sem sabedoria e conhecimento, contudo sabedoria e conhecimento também são necessários para destruir esta mesma civilização.”

* Aos que se interessarem: Escreva "falso" no tradutor do Google e escolha o idioma russo. Wosh é somente a pronúncia da palavra "falso" em russo.

domingo, 3 de maio de 2015

CICLO

  




FONTE DA IMAGEM:fotovida.arteblog.com.br



CICLO

         Quando terminou o curso quase perdeu a voz de tanto gritar. Finalmente poderia chamar-se professor. Quão doce seria o momento de ouvir: "Professor, tira aqui uma dúvida". Seu pai nunca sorriu pra isso. Sempre que se tocava no assunto em casa o velho no máximo dava meio sorriso e de vez em quando soltava: "É, vamo ver" e se calava novamente. Sócrates nem ligava. O apoio da mãe e seus sonhos de fazer algo pelo país eram suficientes para continuar naquele caminho e assim é que após quatro anos de Licenciatura o jovem idealista concluiu seu curso de Letras.
 Cinco e meia o rapaz levantou, arrumou as coisas, tomou café rápido e saiu para seu primeiro dia de aula. Enquanto não aparecia concurso resolveu trabalhar como temporário na rede pública. O amigo Alfredo lhe oferecera uma vaga na escola em que trabalhava. "Bora Sócrates, lá é bom. Os alunos são esforçados, a indisciplina não é das piores e escola particular tem um detalhe bom! Os pais pegam pesado nos filhos, afinal tão pagando né?!". Sócrates agradeceu, mas preferiu a escola pública. Somente lá é que poderia colocar seus planos idealistas em prática, e mesmo assim pensava: "Não me formei em Universidade pública? Devolverei à sociedade o que ela me concedeu." Assim era Sócrates. Um brasileiro no mesmo calibre de Policarpo Quaresma.
"Olá, a senhora é a diretora. Eu sou Sócrates. Estou aqui para assu...", "Eu sei, eu sei moço. Pelo amor de Deus, você vai assumir o sétimo ano da escola! Eles são terríveis. Já botaram três professores pra correr... Você já deu aula?", "Bom me formei agora e...", "Há meu Deus era só o que me faltava. Como é a secretaria manda um professor sem experiência pra cá? Isso é um absurdo! Meu filho, só tem tu, vai tu mesmo! Presta atenção! Eles tem vários problemas de aprendizagem. Não há acompanhamento por parte da família. Alguns usam drogas, outros são envolvidos com gangues. Se você observar alguma arma é melhor fazer de conta que nem viu. Há quatro alunos especiais, mas só dois tem laudo, você vai para o sétimo mas dará conteúdo diversificado pois alguns ainda não sabem ler nem escrever, além disso deverá fazer planos para os alunos especiais e aplicar esses planos durante a aula. Há! Reprovação nem pensar viu!", "E se eles não aprenderem? Quer dizer, você disse que alguns quase não leem...", "Professor, e o senhor? Pra que servirá na sala senão para ensiná-los, ora essa!!".
Quando o intervalo tocou, dois anos da vida de Sócrates pareciam ter passado naquelas duas horas de aula, se é possível chamar aquele diálogo truncado, interrompido e gritado que se estabeleceu. Na sala dos professores um colega de profissão tomava seu café. O olhar era baixo e sombreado pelas olheiras. "Você é o novo professor não é? Prazer, meu nome é Kepler, coisa de nerd. Meu pai era professor de física. Diz ai pra mim. Como é que um cara novo como você faz esse tipo de escolha? Quer dizer, porque ser professor, se com sua capacidade você poderia se tornar um profissional mais valorizado?", A pergunta incomodou muito a Sócrates que retomou o vigor e nos 15 minutos restantes justificou sua escolha percorrendo os caminhos da ética, da moral e do dever cívico. Citou os mais iminentes teóricos marxistas, expôs com veemência a luta de classes e teria defendido uma tese de doutorado se a diretora não o alertasse sobre o tempo apontando o dedo para o relógio. Sócrates recolheu seus pertences e caminhou para seu segundo tempo profundamente contrariado com o novo amigo que de semelhante a ele só tinha a alcunha de um grande personagem da construção do saber universal. As ideias, porém eram completamente diferentes.
   Muitas idas e vindas, muitos recreios, muitas discussões políticas e filosóficas seguiram-se à primeira anteriormente narrada. Vinte anos de ofício passaram-se e o amigo Kepler deixou de incomodar Sócrates. Um infarto fulminante enquanto explicava os monômios e os polinômios, levou o cansado mestre à "terra dos pés juntos". Pelo menos agora Sócrates tomava sua xícara de café sem ter que puxar conversa. O fôlego diminuíra com o tempo, efeito das aulas e gritos ocasionais. Sentado, cotovelos na mesa, olhos baixos e sombreados pelas olheiras, Sócrates viu entrar na sala dos professores o substituto de Kepler. Rapaz novo de olhar vivo e cheio de ideais. O novato sentou-se ao lado de Sócrates que com voz rouca perguntou: "Você é o novo professor não é? Prazer, meu nome é Sócrates, coisa de boleiro. Meu pai era corintiano. Diz ai pra mim! Como é que um cara novo como você faz esse tipo de escolha? Quer dizer, porque ser professor, se com sua capacidade você poderia se tornar um profissional mais valorizado?".

sexta-feira, 1 de maio de 2015

PROPOSTA DE TRABALHO COM ALUNOS DO 9º AO 3º DO MÉDIO - ANÁLISE LINGUÍSTICA DE VÍDEO


ATIVIDADE PROPOSTA PARA ALUNOS DO 9º AO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO

OBJETIVOS GERAIS: 

               * Estabelecer o contato e análise estrutural da estrutura do gênero notícia.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

               * Propor uma reflexão crítica sobre o conteúdo da notícia.

MATERIAL NECESSÁRIO:

               * Cópias do texto.

               * Vídeo que acompanha a notícia.

CONTEÚDO:

              * Gênero notícia de jornal.

ESTRATÉGIA METODOLÓGICA:

              * Amostra do vídeo que dará introdução à aula e que servirá para ativação dos esquemas mentais: "quem é o governador do estado? quem aparece na imagem? pelo que os estudantes protestavam?"

              * Distribuição da notícia em xerox.

              * Análise da estrutura específica do gênero notícia através das questões:

                       - Qual o título do texto?

                      - É possível inferir, já no início do texto o assunto que será tratado? Porque e para quê o escritor da notícia o fez assim?

                      - Quais os fatos mais importantes trazidos no texto?

                      - A quem se destina o texto lido?

                      - Quem o escreveu, qual sua fonte?

                      - Qual a informação que fecha o relato trazido na notícia?

              * Análise dos elementos lexicais:

                      - Traduza as seguintes abreviaturas:
                                  + UECE:
                                  + Fecli:
                                  +  URCA:

                   - Procure no dicionário o significado da palavra "babaca" usada pelo Secretário de Estado Ciro Gomes.

             - Emita sua opinião a respeito do termo usado pelo Secretário referindo-se aos estudantes e servidores.

                 * Análise dos elementos gramáticais:

                    - Análise do tempo verbal e sua adequação ao gênero.
AVALIAÇÃO:

      * Encerrar a atividade propondo uma redação em no mínimo dois parágrafos solicitando uma descrição resumida da notícia e a opinião do aluno(a) sobre os conflitos descritos no texto.

Anexos:

Notícia

Ciro chama estudante de ''babaca'', toma e rasga cartaz em manifestação da UECE

www.opovo.com.br/ 2 de nov de 2013

De passagem pelo município de Iguatu, a 384,1 km de Fortaleza, na tarde da última sexta feira, 1°, Ciro Gomes, atual secretário da Saúde do Estado, trocou insultos com estudantes da Uece/Fecli e Urca, que realizavam ato no aeroporto da cidade. Depois de se aproximar dos jovens, Ciro tomou o cartaz de uma estudante e o rasgou, chamando o grupo de manifestantes de ''babaca''.

Os professores da Universidade Estadual do Ceará (Uece) deflagraram greve por tempo indeterminado na última terça-feira, 29. O movimento estudantil da Uece/Fecli e Urca de Iguatu realizava o ato para receber o governador do Estado, Cid Gomes, que estava na região para inaugurar policlínica no município de Icó.

Após o atrito, o secretário foi embora. O governador Cid Gomes chegou em seguida, em outro voo, e participou de reunião fechada com representantes do movimento, onde foram tratadas as seguintes pautas: a construção do campus multi-institucional, em Iguatu, o concurso para professor efetivo nas instituições e a greve na Uece.

Entretanto, na reunião, Cid disse que não negociava com grevistas. Sobre a obra da cidade universitária, o governador ficou de debater o tema em uma nova reunião, na próxima visita dele a Iguatu, marcada para dia 14 de novembro.

"Quando não estávamos em greve ele também não negociava. Tentamos por diversas vezes encaminhar as pautas, mas não tivemos resposta", reclama o professor e integrante do Sindicato dos Docentes da Uece, Pedro Silva, que participou da reunião com Cid Gomes. "Essa postura demonstra a atitude intransigente do governo ao diálogo. Demonstra também a forma que o governo vem tratando os professores, e que o ensino superior não é prioridade do governo", diz.

Ainda de acordo com Pedro, o governador explicou a razão para não realizar concurso para professores na UECE. "Cid disse que os professores resolveram aumentar os próprios salários e que, por isso, não tem recursos para a contratação de novos professores".

O professor fala que o objetivo da reunião era abrir um canal de negociação, porém, "a reunião não encaminhou nada".

Por essa razão, ele diz que na próxima quarta-feira, 6, deve ocorrer novo protesto em Fortaleza, saíndo da Praça da Imprensa com destino ao Palácio da Abolição e que terá como objetivo, abrir o canal de negociação com Cid Gomes. O horário ainda será confirmado.

Fonte: Último acesso em 03/10/2013

Vídeo:


USO DE POSTAGENS DO FACEBOOK NA SALA DE AULA

ATIVIDADE PROPOSTA PARA O 5º OU 6º ANO

OBJETIVOS GERAIS: 

               * Estabelecer uma reflexão linguística a partir de um texto popular. (Post do facebook)

               * Refletir criticamente sobre a variações linguísticas presente nos textos de humor e a norma culta.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

               * Propor uma análise dos termos do post buscando descobrir as palavras escritas nas quais foi mantida a oralidade.

          * Propor a refacção dos textos dos quadrinhos modificando sua escrita sem flexões de oralidade.
              * Verificar a mudança de sentidos com a nova escrita e refletir sobre a inadequação da norma culta neste caso.

MATERIAL NECESSÁRIO:

               * Data-show.

CONTEÚDO:

              * Variações linguísticas

              * Texto humorístico

ESTRATÉGIA METODOLÓGICA:

             * Inicial reflexão sobre a diferença entre língua falada e escrita (podemos escrever da forma como falamos?)

             * Reflexão sobre a importância de se compreender que para cada contexto há uma variação cabível.

             * Mostra de posts do facebook (2) com conteúdo humorístico.

             Posts iniciais:

          * Iniciar a consecução dos objetivos propostos a partir desse último post:

          * Estabelecer a leitura do post e sondar inicialmente o entendimento da piada

       * Estabelecer análise de cada frase em cada quadrinho, buscando inferir a ideia de que as falas foram escritas o mais próximo possível da oralidade.

       * Levar os alunos a perceberem a forma de escrita da seguintes palavras: "ta", "fedo", "jezuis", "morree".

       * Propor a reescrita das palavras de acordo com a norma culta, portanto: "está", "fedor", "Jesus", morrer".

       * Na imagem reproduzida pelo data-show, substituir as palavras propostas.

       * Levar os alunos à leitura e reflexão sobre o teor cômico da piada alterado pela norma culta.

     * Fazer os alunos perceberem que a norma culta é apenas mais uma variação e que portanto não pode ser considerada adequada em todos os contextos.

AVALIAÇÃO:

      * Encerrar a atividade propondo uma pequena produção textual cujo título seja: O que aprendi nessa aula


      * Espera-se  que o aluno descreva a aula e aponte como principal aprendizagem a necessidade de se reconhecer diferentes tipos de linguagem para diferentes contextos.  

Resistir, lutar.

Fonte da imagem: <https://www.facebook.com/suprema.maracanau/photos/a.1463506987194198.1073741828.1462061097338787/1954837454727813/?t...